As exportações de mungo preto (urad) do Brasil para a Índia registraram um crescimento expressivo nos últimos dois anos. Em 2023, o volume exportado foi de 4.102 toneladas, mas, até o final de outubro de 2024, o número saltou para mais de 22 mil toneladas. Com isso, o Brasil se posiciona como um importante fornecedor para o mercado indiano, que atualmente importa mungo preto quase exclusivamente de Mianmar. Este último tem enfrentado interrupções no fornecimento devido a questões de segurança interna.
O governo indiano busca diversificar suas fontes de importação, priorizando países como Brasil e Austrália, que possuem safras em períodos distintos dos da Índia. Essa diferença no calendário agrícola permite que os produtores desses países ajustem suas plantações de acordo com as projeções de demanda indianas.
Em 2023, a Índia importou 1,51 milhão de toneladas de lentilha, 770 mil toneladas de ervilha-de-pombo (tur) e 590 mil toneladas de mungo preto de países como Austrália, Canadá, Mianmar, Moçambique, Tanzânia, Sudão e Malawi. Para facilitar as importações, o governo indiano implementou uma política de isenção de impostos para três tipos de leguminosas – ervilha-de-pombo, mungo preto e lentilha – válida até março de 2025. O objetivo é fornecer previsibilidade aos agricultores desses países, permitindo-lhes planejar com antecedência o cultivo de leguminosas.
A resposta a essas medidas já se faz notar em outras commodities. No caso do grão-de-bico (chana), após a Índia anunciar em maio de 2024 a isenção de impostos devido à menor produção na safra rabi 2024, a Austrália aumentou significativamente sua área de plantio. A produção australiana de grão-de-bico em 2024 é estimada em 1,33 milhão de toneladas, um salto em relação às 490 mil toneladas de 2023, refletindo o crescente foco na exportação para a Índia.
Esse movimento reforça o papel do Brasil como um ator estratégico no comércio global de leguminosas, com potencial para expandir sua participação no mercado indiano e atender à crescente demanda do país asiático.
Com informações de Agro Spectrum